sábado, 18 de setembro de 2021

O Não-lugar da Mulher na Teologia

 



Regina Fernandes[1]

 

A teologia é feita a partir de lugares, sejam eles geográficos, de tempo (lugares históricos e de memórias), de experiências e até de sentimentos. Por lugares devemos entender também espaços sociais, situações humanas, coletivos, ideias (e ideologias), confessionalidades e suas tradições doutrinárias, religiões, marcos culturais e outros. Não há teologia feita a partir “de lugar nenhum”, ou seja, de nenhum sentimento ou envolvimento de vida, afinal ela é sempre construção humana e o humano é sempre diversamente situado, inclusive em seus próprios interesses. Não existe isenção teológica.

Outro fator importante é que a teologia cristã foi, historicamente, as bases de pensamento para a construção das tradições do cristianismo, desde as doutrinárias, de organização eclesiástica ou missionais; inclusive aquelas que influenciaram situações históricas, como escravidão de pessoas africanas, colonizações etc. Entretanto, ao longo da história do pensamento cristão foram as “teologias” masculinas que se tornaram oficiais em todo o cômputo da religião cristã, portanto, das bases dais quais falamos. Ela está na tradição dos pais da Igreja (não se fala de mães da Igreja), dos escolásticos, dos reformadores e assim em diante. O cristianismo não foi capaz de diferenciar-se, nesse aspecto, dos contextos sociais patriarcais tanto do Império Romano e do domínio cultural grego dos seus anos iniciais de surgimento, como dos períodos posteriores. Conforme a Pra. Sônia Mota: “O espaço reservado para elas seguiu o padrão romano, ou seja, restringia-se ao âmbito doméstico, já que na cultura romana não era permitido que as mulheres exercessem atividades públicas, como era o caso do ministério pastoral.” (MOTA, 2021, p. 47).

O pensamento masculino da fé cristã se tornou a ordem teológica oficial e orientadora dos caminhos da Igreja na história. Todavia, se vasculharmos bem o grande baú de memórias subalternas do cristianismo, descobriremos outras vozes, que foram alijadas do direito de oficialidade e de visibilidade, sob justificativas pretensamente teológicas no incurso desse circulo vicioso de: somente as leituras bíblicas e teologias masculinas são válidas; essas leituras bíblicas e teologias (masculinas) determinam que mulheres não devem assumir lideranças eclesiásticas e nem teológicas; permanecem então as leituras e teologias masculinas que concluem sempre que mulheres não podem atuar nos âmbitos da liderança cristã,  assim em diante.

O feminismo surge, nesse caso, como uma força externa a esse círculo, que busca rompê-lo e seu curso tendencioso e vicioso de impedimento de novas possibilidades de compreensão das Escrituras e do fazer teológico e novos protagonistas nesse esforço. Na esteira do feminismo, vários outros grupos começaram também a buscar seus próprios lugares no mundo visível do cristianismo. A busca por oficialidade, todavia, se tornou uma forma de resistência à predominância masculina na construção das tradições e formas do cristianismo.

 Os processos de descoberta e des-invisibilização não são tarefa fácil, pois requerem esforços de escavação das memórias mediante parcos registros, sob uma nova hermenêutica histórica em um novo ponto de vista: o da valorização e da validação dessas memórias. Além do mais, enfrenta franca resistência dos setores machistas do cristianismo, que não querem perder os privilégios de liderança mantidos ao longo da história através de formas diversas de controle e manipulação das igrejas e dos fiéis, a principal delas a leitura bíblica orientada para a manutenção de seus poderes. Ainda que não haja premeditação dessas práticas, o assentimento a elas estabelece uma clara linha de conivência com seus malefícios. São essas pessoas e esforços que alimentam o tal círculo vicioso.

Muitas mulheres atuaram não somente no desenvolvimento do cristianismo e da Igreja no primeiro século e períodos posteriores, mas produziram no campo teológico. Não são participações, entretanto, fáceis de serem identificadas devido ao processo de escondimento histórico que já mencionamos. São teologias que, em termos de oficialidade, foram feitas a partir dos “não lugares”; aqueles não reconhecidos e até mesmo não autorizados pelas instituições eclesiásticas, e que se tornaram saberes clandestinos, “não-autorizados”, resistentes. Podemos afirmar, inclusive, que não são somente as mulheres que, por questões de gênero, tem feito teologias a partir dos não-lugares, mas todas as pessoas que por questões sexualidade, racialidade, condição social tem seus saberes tratados como exóticos, étnicos, específicos ou alternativos, portanto, não oficiais, isto quando não são simplesmente ignorados em vista de sua procedência. Relegam tais pensamentos a esse lugar não reconhecido, não admitido como legítimo, não válido para orientação da fé, mas estão lá, nos não-lugares, se fazendo nos subterrâneos do cristianismo e orientando a fé de modo subversivo.

Ainda que os não-lugares sejam fruto da exclusão e dos impedimentos, aquelas pessoas que atuam neles têm feito deles espaços de liberdades e de onde se se pode pensar, falar e criar sem a intimidação dos critérios rígidos dos lugares oficiais e das forças que neles operam.  O próprio Jesus Cristo falou e ensinou em seu tempo desde esses não-lugares, pois os lugares religiosos oficiais eram dos homens do sinédrio, dos líderes judaicos. Jesus foi reconhecido como mestre pelo povo, por camponeses, pelos discípulos e gente considerada sem importância na época.

A Teologia faz parte do mundo do conhecimento humano, como uma das suas disciplinas mais antigas. Ela está situada em nossa classificação atual na grande área das humanidades. Sua proposta epistemológica é de explicar o mundo e suas interações diversas do ponto de vista da relação com Deus, da experiência de fé e das tradições cristãs. Boaventura de Souza Santos afirma que “o mundo é epistemologicamente diverso e que esta diversidade, longe de ser negativa, representa um enorme enriquecimento das capacidades humanas para conferir inteligibilidade e intencionalidade às experiências sociais.” (SANTOS, p. 10). Isso também acontece no campo da teologia, como saber que ajuda na compreensão da fé e da vida, ao mesmo tempo em que é possibilitada por elas. Há, sem dúvida, um lugar claro para o conhecimento teológico no âmbito dos vários saberes no mundo, mas há também formas diversificadas de teologia, tanto quanto são as formas de relações com Deus, de experiências de fé e de tradições cristãs. Da mesma maneira como a Teologia deve ser respeitada no mundo dos conhecimentos humanos, ela deve respeitar e assumir a diversidade epistemológica que possui internamente.

 

Hermenêuticas androcêntricas

A Bíblia tem sido lida e estudada ao longo da história de sua interpretação com o uso de diversos métodos hermenêuticos. Porém, como os espaços epistêmicos da teologia são geralmente os centros acadêmicos e de fomento do pensamento teológico, até da organização eclesiástica e seu clero, em que há predominância masculina, é possível afirmar que a recepção hermenêutica das Escrituras tem sido realizada em um viés não somente antropocêntrico, em que se centra o humano na ordem de mundo, mas, androcêntrico, em que se centra o humano masculino na ordem do mundo e da vontade divina. De igual modo, os espaços litúrgicos e de atuação ministerial da Igreja também são predominantemente masculinos, o que torna o ensino e a pregação da Bíblia, que resultam dessa interpretação, realizados nesse mesmo viés.

A interpretação da Bíblia e sua análise aprofundada faz parte da elaboração teológica que, por conseguinte, serve tanto às formulações doutrinárias e à própria prática missional. Se a hermenêutica e a pregação são marcadamente androcêntricas, conforme já mencionamos, há um círculo absolutamente vicioso que gera não somente comportamentos centrados no masculino, mas toda uma organização eclesiástica e religiosa estruturada nessa orientação. A interpretação e ensino bíblico pelas mulheres têm sido relegados à esfera do lar, das classes de crianças nas igrejas, nas transversalidades das disciplinas práticas e de eixos interdisciplinares nas instituições teológicas, nos aconselhamentos pessoais, no exercício dos dons espirituais nos meios pentecostais, enfim, naqueles espaços em que não ameaçam diretamente o poder masculino.

Martin Dreher explica, por exemplo, que houve certamente um esforço traditivo e exegético das Escrituras realizado a partir do masculino e seus interesses de liderança no cristianismo. Nesse processo, houve escondimentos da atuação ministerial das mulheres no contexto bíblico e sua consequente exclusão das lideranças eclesiais:

Partindo de uma compreensão androcêntrica do Novo Testamento, os exegetas e tradutores pressupõem automaticamente que as mulheres mencionadas nas cartas paulinas sejam auxiliares de Paulo. Não conseguem admitir que essas mulheres estejam subordinadas a Paulo em sua tarefa missionária ou de direção. O apóstolo Paulo trabalhou, lado a lado, com mulheres e reconheceu sua autoridade. Febe era diácona e presidia a comunidade de Cencréia. (DREHER, 1993, p. 39).

Essa tradução direcionada da Bíblia, e as hermenêuticas que seguiram na mesma direção, fez com que se estabelecesse a liderança dos homens como ordenança bíblica, portanto, divina, tornando qualquer esforço das mulheres de assumir papeis sacerdotais um ato de desobediência e pecaminoso. Mais do que proibir se instaurou uma forma de repressão pela via sensível da consciência religiosa. O argumento para a teologia segue sendo o mesmo, se as mulheres não possuem o direito de interpretar e ensinar a Bíblia, logo, não possuem também o direito de fazer teologia, logo, também não podem exercer lideranças ministeriais que se ocupam diretamente do ensino das Escrituras. Assim, qualquer teologia que elas vierem a produzir não tem validade oficial, pois não são permitidas a fazer isso. Os lugares teológicos das mulheres tornam-se, então, das subalternidades, das margens e subterrâneos.

 

Novos olhares hermenêuticos

Partindo de olhares que buscam romper com esse círculo vicioso identificamos outras visões possíveis da mulher na história e teologia bíblica. Nos relatos da criação, em Gênesis 1.1-2.25, a mulher é a parceira do homem no cuidado da criação. Ela é aquela que recebeu com ele a ordem de Deus de cuidar de tudo o que ele havia criado, inclusive de responder por esse cuidado:

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gênesis 1:26-27)

Não há uma hierarquia de gênero no relato, isso não faz parte das relações humanas na história da criação. A humanidade seria a responsável por organizar a vida no mundo e cuidar dele, tendo no Deus Trinitário o parâmetro de amor e respeito a ser seguido. A humanidade é que expressa a imagem e semelhança de Deus e não exclusivamente o homem. Isto significa que, como humanidade, nem homem e nem mulher representam sozinhos a totalidade da imagem de Deus. Johannes Bauer explica o sentido do que ele chama de “fórmula de afinidade”, referindo-se ao texto de Gênesis 2.23 quando o homem pronuncia diante da mulher: “Essa, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne.”, que se refere à distinção da mulher em relação aos demais seres criados e o reconhecimento da comunhão entre homem e mulher:

Portanto, não se deveria compreender essa afirmação como “júbilo pela noiva” nem como “declaração de amor”. O autor, ao colocar essa fórmula na boca do homem, quer, na realidade, destacar a igualdade da mulher em relação ao homem, além de enfatizar a posição dominante de ambos em relação ao reino animal. (BAUER, In: SCHREINER, 2012, p. 124)

A mulher é na criação a companheira humana correspondente ao homem, por conseguinte, o homem é aquele que também corresponde à mulher. Ela é aquela que está do outro lado da relação, e que compartilha com ele o mundo: “E Senhor Deus disse: ‘Não é bom para o homem ficar sozinho; quero fazer para ele uma ajuda que lhe seja adequada’” (Gênesis 2:18), ou seja, um outro ser humano, com iguais condições em vários aspectos, que poderia compartilhar com ele da organização e do cuidado da vida no mundo. A mulher surge na narrativa não como uma extensão do homem, não como uma subalterna a ele, mas como outra humana na criação, sem a qual não há humanidade.

Entretanto, Israel organizou sua sociedade de modo patriarcal, tornando o homem o centro de validação da ordem social. As mulheres foram excluídas das atividades oficiais de culto e de outras funções de liderança na sociedade. Ela foi dominada. Um exemplo de atuação feminina no Antigo Testamento, o caso de Débora (Juízes 4.4) como juíza, é exceção na história bíblica e não uma regra. As mulheres não possuíam acesso aos lugares principais do templo e deveriam se restringir ao átrio das Mulheres. Elas não recebiam nenhum tipo de sinal da aliança, embora fizessem parte do povo da aliança, e, também, não eram contadas nos censos. A mulher se tornou nesse cenário a ajudadora, no sentido de servilidade, mas o principal deles era a procriação. É preciso considerar que naquelas sociedades do mundo antigo, geralmente, as relações românticas não eram a causa das uniões conjugais, mas sim interesses econômicos e até políticos. Em uma sociedade patriarcal filhos homens são sinônimo de prosperidade para os homens, então, além das mulheres existirem para procriar, deveriam gerar filhos do sexo masculino.

Suzana Chwarts explica que esse era um dos fatores pelos quais a poligamina ou o concubinato não eram práticas incomuns, pois visavam a descendência do homem. Nesta acepção da mulher como procriadora as mulheres estéreis eram vistas com preconceito naquelas sociedades, pois não cumpriam o papel fundamental de sua existência. Suzana, todavia, esclarece que, a partir de um novo olhar para a história bíblica, a esterilidade não é, necessariamente, um fator de inferiorização da mulher, ao contrário disso, ela é um símbolo da ação da misericórdia divina em Israel. (CHWARTS, 2004, p. 219). Da mesma forma como Deus fez o milagre da vida acontecer na vida das várias mulheres bíblicas, ele fazia com Israel e sua impossibilidade de gerar vida por si mesma. Se não fosse por uma ação de Deus, conforme os profetas, Israel nem mesmo existiria. A esterilidade é, para Suzana, uma chave de compreensão do Antigo Testamento.

No Novo Testamento há maior incidência de relatos de mulheres atuando. Jesus não fazia distinção de gênero e ensinava a homens e mulheres e os tinha como seus seguidores, embora, conforme os registros bíblicos, ele não tenha escolhido mulheres para compor o corpo dos doze apóstolos, isso não o impediu de ter Maria irmã de Lázaro e Maria Madalena entre suas discípulas mais fiéis (Lucas 10.38-42). A discussão de Jesus com a mulher samaritana também comprova sua disposição em ensinar e debater com mulheres, ainda que esse tipo de proximidade entre homem e mulher não fosse usual na cultura da época (João 4.6-30).

E aconteceu, depois disto, que andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e os doze iam com ele, e algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com seus bens. (Lucas 8:1-3).

No episódio da passagem de Jesus pela casa de Marta e Maria, ao invés de cuidar dos afazeres domésticos como fez Marta, Maria sentou-se próxima a Jesus para aprender com ele, ouvir seus ensinos. Jesus valorizou a atitude de Maria, dizendo que ela havia tomado a melhor atitude, de aprender, não fazendo distinção de gênero naquela situação.  

Na Igreja neotestamentária as mulheres também se mostraram bastante atuantes. Paulo saúda Andrônico e Júnia em sua carta aos Romanos, referindo-se a ele e a ela como apóstolos (Romanos. 16.7). Lucas, em Atos dos apóstolos, faz questão de registrar a presença constante de mulheres na atuação da Igreja (1.14; 5.14; 17.4). Em um exercício hermenêutico menos orientado por leituras machistas é possível perceber que mulheres atuavam na Igreja neotestamentária:

O lugar das mulheres na hierarquia eclesiástica tem sido mal interpretado. Posto que no século segundo todos os oficiais dessa hierarquia eram varões, pensou-se que assim foi na Igreja primitiva também. Mas o Novo Testamento nos dá a entender outra coisa. Felipe tinha quatro filhas que “profetizavam”, isto é, que pregavam. Febe era diaconisa em Cencréia. E Júnias é contada entre os apóstolos. (GONZALEZ, A Era dos Mártires, p. 155.)

          Jesus Cristo estabeleceu um novo tratamento às mulheres e a Igreja também iniciou com sinais de abertura religiosa em relação a elas, mas certamente a helenização do cristianismo e sua correspondência à cultura romana, principalmente à aspectos negativos paras as mulheres nela, foram determinantes para o assentamento de novas formas de patriarcalismo, agora, cristão.

 

Atuação das mulheres na História da Igreja

Na cultura grega platônica a mulher não participava de cargos decisórios ou nos centros de pensamento da época, por ser considerada incapaz para tais tarefas. Na realidade, existiram filósofas, mas elas foram excluídas da história do pensamento tal qual aconteceu na teologia. Umberto Eco comenta que: “Não é que não tenham existido mulheres que filosofaram. É que os filósofos têm preferido esquecê-las, talvez depois de terem se apropriado de suas ideias.” (apud PACHECO, 2016, p. 28). Uma dessas mulheres filósofas foi Aspásia de Mileto (séc. V), que atuou como professora, mestre em oratória, e, em sua época e frequentou espaços intelectuais em Atenas. Entretanto, as historiadoras atuais da filosofia somente conseguem reconstruir sua história a partir de vestígios que escapam na história dos homens, conforme relata Thirzá Berquó: “[...] faz-se necessário procurar e recolher os vestígios da presença das mulheres em uma miríade de fontes, para que se possa construir, talvez, um retrato de sua presença na sociedade supracitada, ou pelo menos, dos discursos produzidos sobre elas.” (BERQUÓ, In PACHECO, 2016, p. 29). Ela ainda acrescenta sobre Aspásia:

A atuação pública de uma mulher, estrangeira, intelectual, filósofa e oradora, causou furor em Atenas. Ligada ao movimento sofista, de pensadores jônios que vendiam seus serviços como professores, ela afrontou os parâmetros da sociedade ateniense, que tinha por ideal a reclusão das mulheres no espaço doméstico. Por esta razão, teve muitas vezes a sua reputação atacada pelos poetas cômicos, sendo chamada de prostituta. Estas marcas históricas perseguiram a Igreja durante o período medieval e até os dias atuais conseguem se sobrepor aos esforços pela ampla participação das mulheres no ministério cristão. (BERQUÓ, In PACHECO, XXX, p. 40)

No cristianismo antigo e medieval foram muitas as mulheres que produziram escritos teológicos e filosóficos. Entre elas houve Faltonia Betitia Proba (séc. IV), mulher romana convertida ao cristianismo e que deixou poemas históricos escritos; Aelia Eudoxia Augusta (Séc. IV), dedicou-se aos estudos clássicos da filosofia grega; Egéria (sec. VII), que possivelmente escreveu a obra “Peregrinação de Santa Silvia de Aquitana a Terra Santa”. Também Dhuoda de Septimania (séc. IX), que escreveu o Livro Manual, obra de educação cristã; Roswita von Gandersheim (séc. X), “grande nome da literatura de fundamentação cristã em terras germânicas, sendo conhecida como a primeira poetisa de origem germânica na Idade Média”.[2]

Algumas mulheres encontraram um lugar para produzir na teologia mística. Colocadas à margem da liderança religiosa e da teologia institucional, elas fizeram teologia no campo da espiritualidade, em relação com os temas do amor, da mulher e das Escrituras. A teologia mística, em comparação com os lugares institucionais da teologia no período medieval, era uma forma de não-lugar, até mesmo em vista do seu percurso apofático. Este foi o caso de Hidelgarda de Bingen (séc. XII), uma mulher alemã líder de convento, reconhecida como teóloga mística e que deixou vários escritos nessa linha e outros de cunho científico. Outra teóloga mística e muito conhecida foi Teresa de Ávila (séc. XVI), espanhola de família judia, foi responsável pela abertura de diversos conventos e pela escrita de várias obras nas quais relatava suas experiências místicas; sofreu perseguição da inquisição por causa das suas ideias e atuação.

Outras teólogas desse período medieval foram a monja Heloísa de Argenteuil (séc. XII), conhecida pelo seu romance com Pedro Abelardo e por sua capacidade intelectual, deixou sua teologia escrita nas cartas que escreveu para Abelardo, também em obras próprias como Problemata, em que trata de trechos bíblicos sobre os quais questionava. Clara de Assis (séc. XIII), contemporânea de Francisco da cidade de Assis, também foi teóloga e líder no monasticismo feminino, com poucas conhecidas, entre elas: Benção e Formas de Vida. Outra teóloga medieval foi Marguerite Porete (séc. XIV), uma béguina, que foi condenada pela inquisição na França por causa do conteúdo de seu livro: O Espelho das Almas Simples e Aniquiladas e que Permanecem Somente na Vontade e no Desejo do Amor.

Embora no período da Reforma houvesse mulheres atuando no âmbito político, como rainhas, ou no campo econômico, como proprietárias, e que trouxeram impactos para o cristianismo com suas ações nas regiões onde exerciam poderes, a Reforma Protestante, principalmente no que tange à produção teológica, segundo os registros históricos convencionais, foi um evento masculino, articulado e protagonizado por homens. Os principais nomes que tradicionalmente relacionam à Reforma são de Lutero, Calvino Zuínglio e Thomas Muntzer. Mesmo quando se estende a lista não há nomes de mulheres incluídos. A razão disso não é que elas não atuaram para o acontecimento do movimento, mas, certamente tiveram produções apropriadas por homens, conforme alertou Umberto Eco, e os nomes escondidos.

 Podemos mencionar como uma das razões desse escondimento o fato de que a história também foi contada por homens em uma forma de historiografia androcêntrica, com isso, não sabemos, em detalhes, a incidência da participação feminina em todo o movimento. Há também o comportamento dos reformadores, que não foram capazes de se deslocar minimamente da cultura patriarcal de seu tempo, como menciona Sônia Mota: “Lutero viu como apropriado para as mulheres o papel de ajudantes e companheiras dos homens, cabendo a elas o tradicional papel de esposa e mãe, permanecendo sujeitas aos maridos.”, quanto a João knox ela explica que era “ainda mais radical, chegando até mesmo a ser grosseiro ao publicar um tratado intitulado ‘O primeiro clangor da trombeta contra o monstruoso regimento das mulheres’ (1558)”. João Calvino, conforme a autora “assume posição ambivalente”, não se posicionando claramente sobre o assunto, mas acrescenta: “Mesmo analisando os textos referentes à participação das mulheres na Bíblia, e até rompendo com a tradição em alguns escritos, o seu trabalho não trouxe consequências favoráveis ao papel das mulheres na liderança das Igrejas.” (MOTA, 2021, P. 52).

Conforme Claudete Beise houve, por certo, um esforço de escondimento das mulheres fruto da visão patriarcal da época:

Revisitar e reler a história, a partir da história das mulheres, é reconhecer que elas foram silenciadas e invisibilizadas. A história que chegou até nós foi a dos homens heróis e de seus grandes feitos. Nomes como Martinho Lutero, João Calvino, entre outros, são conhecidos. No entanto, nomes como Argula Stauff von Grumbach, Elisabeth von Calenberg, Elisabeth Schütz Zell ou Katharina von Bora são praticamente desconhecidos. (ULRICH, 2016, p. 73)

Sônia Mota também menciona a participação ativa de mulheres na Reforma, ainda que não mencionadas na história oficial, como “Catarina von Bora”, que, conforme ela “Era uma mulher culta, que sabia ler e escrever”; Catarina Schutz Zell “era uma mulher culta, leitora de Lutero” e deixou cartas escritas; Claudite Levet, que em Genebra era reconhecida interprete das Escrituras e pregadora; Marie Dentière, “também atuou em Genebra, não só pregando como publicando livros” (MOTA, 2021, p. 54-56).

No Período Moderno, mesmo diante dos avanços propostos pelo iluminismo e a presença de mulheres nos centros acadêmicos, não se tem notícias de aberturas significativas para a atuação delas, que continuaram nas sombras da produção masculina. Geralmente, recuperamos casos isolados e camuflados pela história ou que as relacionam à piedade e à devoção ao lar, como é o caso de Suzana Wesley e seu sonho de um avivamento religioso e sua importância para o reconhecido ministério do filho, John Wesley.

Na teologia acadêmica Dorothe Sölle escreveu sobre Deus e a religião a partir da condição de mulher e em vista de uma teologia menos patriarcal. Também buscou fazê-lo na ótica dos oprimidos e na perspectiva da vida. Ela propôs não o que se possa chamar de uma teologia feminista, mas um saber sobre Deus a partir da condição humana no mundo. Foi uma das importantes vozes no período pós-guerra na Europa, em conjunto com Dietrich Bonhoeffer, Moltmann e outros pensadores da virada moderna-contemporânea. Há também Hannah Arendt, que embora seja conhecida como filósofa, produziu uma tese de doutorado em diálogo com textos de Agostinho e trouxe importantes contribuições para a teologia.

 

Atuação das mulheres no Missionarismo

Podemos afirmar, porém, que o destaque para a atuação feminina na modernidade está relacionado principalmente ao missionarismo protestante do chamado Grande Século das Missões, que abrange meados dos séculos XIX e XX, quando houve ampla participação das mulheres, não somente como esposas de missionários, que muitas vezes não se sentiam vocacionadas e participavam indiretamente das missões, mas como missionárias solteiras e sozinhas no campo, como menciona Ruth Tucker. Ela cita o caso de Betsy Stockton “mulher negra e ex-escrava, que foi para o Havaí, em 1823. Certa de que Deus a chamara para servir como missionária no exterior [...]” (1986, p. 245), com destaque naquele país também na área da educação, onde ajudou a fundar escolas e a levar a educação formal para o povo havaiano. Com a movimentação feminina para o campo missionário e diante das dificuldades impostas pelas juntas missionárias para o envio de mulheres, foram criadas agências missionárias femininas com o propósito de enviá-las. De acordo com Turcker, no início do séc. XX “havia mais de 40 sociedades missionárias femininas só nos Estados Unidos”, chegando o número de mulheres a exceder o número de homens no campo (1986, p. 246). É preciso observar que a segunda parte desse período também coincidiu com a ampliação da atuação profissional das mulheres devido às duas grandes guerras mundiais e o avanço do movimento feminista.

Embora, normalmente, as mulheres missionárias não pudessem exercer oficialmente o cargo pastoral, nem mesmo nos campos, em alguns casos estavam autorizadas a realizar atividades pastorais na ausência de homens para fazê-lo. Da mesma forma que houve um empoderamento feminino provocado pela atuação das mulheres na sociedade no período das grandes guerras mundiais no início do séc. XX, por causa da escassez de homens que foram lutar,  a atuação das mulheres nas missões contribuiu para reforçar sua luta pelo reconhecimento da igualdade vocacional e de ampla atuação ministerial no âmbito das instituições cristãs. Podemos afirmar que essas situações históricas contribuíram para o fortalecimento do Movimento Feminista no séc. XX, e para uma nova consciência em relação ao papel da mulher no mundo.

Turcker esclarece que o campo missionário também se tornou um espaço onde a mulher poderia realizar sua expectativa humana de experimentar coisas diferentes na vida, além daquelas atribuídas a ela no restrito âmbito familiar:

Além das oportunidades para o serviço cristão, o campo missionário também servia para prover aventura e estímulo. Enquanto os homens podiam realizar sonhos de heroísmo como soldados, marinheiros e exploradores, as mulheres não dispunham dessas opções. O serviço missionário no exterior era uma oportunidade para aventurar-se no desconhecido. (1986, p. 247).

As missões também serviram para promoção social de mulheres. Turcker relata o caso de Mary Slessor, missionária escocesa na África no séc. XIX, de origem pobre, mulher trabalhadora de sua época, que foi para as missões na África com a intenção de atuar no interior desse continente, na região de Calabar. Deve-se a isso o comentário: “Da mesma forma, mulheres (como Mary Slessor) das classes operárias tiveram condição para melhorar sua posição social através de carreiras missionárias. (1986, p. 247).

Sônia Mota chama a atenção, entretanto, para o escondimento histórico das mulheres na história das missões, principalmente no Brasil. Ela comenta que isso se deu de forma sistemática no movimento reformado que chegou ao nosso país:

Os relatos sobre o movimento missionário protestante no Brasil são unânimes em exaltar a figura do “missionário”. Quando se fala em missão, vêm à mente nomes como Ashbel Green Simonton, Alexander Blackford, George Chamberlain, Edward Lane, John Rockwell Smith, Henry MacCall, G. W. Butler, William Waddel e outros. Durante 1869-1900, dos 65 obreiros enviados, pela Igreja Presbiteriana do Sul, ao Brasil 36 eram mulheres. Destas, 23 eram esposas de pastores e as outras educadoras e evangelistas115. Havia ainda as missionárias enviadas pela Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (PCUSA). No entanto, pouco se ouve falar do trabalho das missionárias. Muitas delas passaram para a história como meras “esposas de missionários”, já que vieram acompanhando seus esposos ao campo de trabalho. Porém, mesmo as esposas de missionários extrapolaram muito a esfera doméstica, atuando como professoras de colégios presbiterianos, de classes de escolas dominicais, enfrentando as mesmas dificuldades que seus esposos. (MOTA, 2021, P. 100)

Com isso, nas missões contemporâneas o papel da mulher precisa ser recuperado, des-escondido, repensado, até mesmo como lugar propício de transformação de situações históricas. Todavia, por mais que tenha sido um lugar onde, historicamente, a mulher pode atuar, não cabe mais o recurso feminino às missões como uma das poucas situações possíveis de realização ministerial. É urgente a legitimação do papel missionário/pastoral da mulher no campo missionário, da sua vocação sacerdotal nas igrejas e da sua contribuição no pensamento teológico; visando, inclusive, a contextualização das igrejas, da teologia e da própria sociedade no tempo histórico que vivemos, com uma nova compreensão do ministério feminino.

 

As Mulheres na Teologia Latino-americana

Na segunda metade do século XX, diante das diversas lutas e resistências articuladas pelas mulheres pela igualdade de direitos e de espaços na sociedade, tem havido muitas mudanças de comportamento social. Infelizmente, no meio religioso e teológico as mudanças são mais lentas. No catolicismo ainda prevalece a exclusividade do sacerdócio masculino, sem sinal de mudanças. No protestantismo, movimento que se inicia no período moderno e deveria trazer em sua própria gênese um comportamento mais amigável às mulheres, são pouquíssimas as iniciativas de incluí-las nas lideranças eclesiásticas e no âmbito da produção teológica. Mesmo na América Latina, nos círculos da Teologia Latino-americana e suas vertentes, a predominância é masculina nas várias áreas de liderança. Os espaços das mulheres nessas teologias têm sido mais evidentes no âmbito das minorias, no caso, teologias feministas e mulheristas latino-americanas.

A história das origens e desenvolvimento da Teologia da Libertação relaciona sempre vários nomes masculinos na sua articulação, como Rubem Alves, Gustavo Gutiérrez, Leonardo Boff, Juan Luís Segundo, Clodovis Boff, João Batista Libânio e outros. Dificilmente encontramos nomes de mulheres nessas listas. A libertação proposta pela teologia não chegou a elas como deveria, em sua situação de dependência imposta pela condição de gênero. A alternativa da teologia feminista latino-americana somente é válida se houver reconhecimento claro de que a outra forma de teologia é sua versão masculina, caso contrário, é necessário reconhecer o escondimento das mulheres também na conhecida TdL.

 Esta situação também se repetiu no caso da teologia evangélica latino-americana, articulada nos esforços da FTL – Fraternidade Teológica Latino-americana, que teve início em 1970 em Cochabamba, Bolívia. Ela foi criada por um grupo de homens evangélicos com a finalidade de ser uma plataforma de diálogo teológico e de fomento da Teologia Latino-americana, em sua vertente evangélica. Desde que foi criada, a FTL assumiu a organização do CLADE – Congresso Latino-americano de Evangelização, evento que tem sido uma espécie de epicentro das discussões acerca da missão integral da Igreja. Já foram realizados cinco CLADEs, sendo que quatro deles foram sob a direção da FTL. Foi, entretanto, somente a partir do CLADE III, realizado em setembro de 1992, que se contou com uma presença mais representativa de mulheres, 30% dos participantes inscritos conforme Longuini Neto. (LONGUINI, 2002, p. 197). Desde esse período o número de mulheres no movimento da FTL foi crescendo paulatinamente.

Outro indicador da participação de mulheres na FTL é o seu periódico, o Boletim Teológico. Ele começou a ser publicado em 1984, quando saiu seu primeiro número, e encerrou-se em 1997 com o número 29. Foram 71 autores que participaram ao longo dos 13 anos de existência do periódico, entre eles, 60 homens e 11 mulheres. O primeiro artigo de uma mulher foi inserido no Boletim Teológico nº 12, publicado em 1990, após 6 anos de seu início. Dessas 11 mulheres autoras, 6 escreveram sobre a relação masculino-feminino e suas desigualdades, chamando a atenção para o problema.

A proposta de uma nova compreensão da missão na teologia evangélica latino-americana, caracterizada pela integralidade, ainda está em caminhos iniciais de realização, pois para ser integral necessita ser inclusiva.

 

Conclusão

A luta das mulheres pelos seus direitos é histórica e ainda está longe de acabar, pois elas ainda têm os não-lugares como seu principal espaço de atuação. Na teologia o avanço é lento e tímido, em relação a outras áreas do conhecimento onde as mulheres já são mais bem reconhecidas pelas suas produções e protagonizam espaços acadêmicos. Entre as principais razões para isso está o vínculo da teologia com os espaços eclesiásticos, que são também lugares de poder e, devido a isso, predominantemente masculinos. Mesmo na academia, abrir espaços para a atuação de mulheres é torná-las mestres de futuros líderes de igrejas, principalmente se for nas disciplinas fundamentais de sua formação.

Outro dificultador da inclusão de mulheres nos lugares oficiais da Teologia é o tal do círculo vicioso, que funciona de forma a mantê-las do lado de fora da produção e da liderança teológica. Nas instituições de educação teológica, por exemplo, normalmente elas estão nos setores de manutenção, na área técnico-administrativa, nos atendimentos psicopedagógicos e de orientação didática e como docentes nos eixos interdisciplinares; mas, são minoria nas coordenações teológicas, nos cargos direção, e, principalmente no eixo fundamental do currículo teológico. Isso prevalece mesmo naquelas instituições que se declaram apoiadoras do ministério feminino e que discutem sobre o assunto em seus eventos, todavia, não são capazes de forçar em seu próprio âmbito interno as mudanças necessárias.

Na questão do ministério feminino nas igrejas, as evidências teológicas para a sua vocação são conclusivas e deveriam ser amplamente reconhecidas pela Igreja, em todas as suas representações e segmentos. Ela foi dotada por Deus de igual inteligência, é ser humano no sentido lato e estrito do termo, participa do mesmo mundo que os homens e o usufrui, recebe de Jesus Cristo a mesma graça, do Espírito Santo os mesmos dons e frutos, enfim, possui todas as condições necessárias para o ofício pastoral.

 

BIBLIOGRAFIA

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[1] Teóloga, Mestre em Teologia e Práxis, Mestre em Missiologia, Especialista em História e Cultura Afro-brasileira e Indígena. Coordenadora Editorial da Editora Saber Criativo, docente e gestora de educação teológica desde 1995. Atual presidente da FTL – Fraternidade Teológica Latino-americana.

[2] Esses e outros nomes de mulheres que produziram teologias no período antigo e medieval estão apresentados na obra: COSTA, Marcos Roberto Nunes; COSTA, Rafael Ferreira. Mulheres intelectuais na idade média: entre a medicina, a história, a poesia, a dramaturgia, a filosofia, a teologia e a mística. Porto Alegre: Editora FI, 2019, p. 39. Disponível em: https://www.editorafi.org/599medieval. Acesso em 25/07/2021.

 

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