Foi aluno de Karl Rahner, mas preferiu articular a teologia com a prática
e com as situações da sociedade de seu tempo. Para Metz era importante ver as
incidências da escatologia e da esperança na vida política. Ele não tinha a
intenção de criar uma teologia, mas buscava descobrir “um traço essencial da
consciência teológica”. O político, a partir do iluminismo, conforme ele, passou
por um processo de emancipação e autonomia resultando em outra ordem
política – uma ordem de liberdade: onde as estruturas políticas já não são dadas
previamente à liberdade humana; estruturas políticas como realidades baseadas
na história, assumidas e modificadas pelo humano; história política
como história da liberdade;
Em sua teologia política Metz propõe a distinção entre Estado e Sociedade,
uma diferenciação antitotalitária que permite diferenciar a esfera pública do
Estado ou da Igreja. Segundo ele a falta dessa distinção gerou: teologias políticas
autoritárias e repressivas que visavam instaurar um “Estado Cristão”. Para Metz
o Político é o lugar próprio da liberdade e afirma que todo pensamento que não
considere os questionamentos do iluminismo é pré-crítico; que toda reflexão que
dele toma conhecimento é pós-crítica.
Para Metz o Iluminismo e Marx consideraram a religião como uma ideologia
que surgiu de estruturas sociais e históricas determinadas, mas, a resposta do
cristianismo e da Teologia foi relegar a plano secundário as questões sociais,
insistindo em seu aspecto privado. Tratou a vida de fé como opção pessoal e,
neste caso, com a necessidade de abstração do mundo social em que se vive. Com
isso, ela não respondeu ao iluminismo e às suas questões. Tal versão privada e
intimista do cristianismo é própria das teologias transcendentalistas,
existencialistas e personalistas.
Diante disso, a primeira tarefa da Teologia Política é a desprivatização
da própria fé que permitir criticar “os fundamentos da teologia”. A Tarefa da
Teologia Política é determinar o novo tipo de relação entre religião e
sociedade, igreja e sociedade, fé escatológica e prática social, ou seja,
teoria e prática; fazer uso da reflexão pós-crítica; recuperar para o tempo
atual a memória Christi: “Memória da
chegada do Reino de Deus no amor de Jesus para com os marginalizados”. Também é
seu papel a proclamação da salvação através das promessas de liberdade, justiça
e paz, como reservas escatológicas “o cunho provisório de todo estado histórico
alcançado pela sociedade”; fazer, com isto, da igreja uma instituição crítica
da sociedade. Sua missão crítica se definirá como um serviço à história da
liberdade, um serviço de libertação do ser humano.
A igreja, e não o cristão isolado, é então o sujeito da práxis
libertadora animada pela mensagem evangélica. Para isso a igreja precisará ser
uma instituição não-repressiva; ser uma instituição em segunda-potência,
crítica e libertadora; conscientizar-se de que ela não existe em função de si
mesma, mas pregando a mensagem do reino de Deus “vive na permanente proclamação
de sua precariedade”. Para isso a Igreja precisará de um novo acercamento das
Escrituras e de uma nova práxis.
Regina Fernandes
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